Writing as a form of existence - Bubblegum Club

A escrita como uma forma de existência

O que é um ato revolucionário?

Um que avança em direção à revolução? Em direção à completa transformação de tudo o que sabemos como nossas próprias certezas? O questionamento do inquestionável? O desenvolvimento do que foi esquecido – do que foi anulado?

Quem é um revolucionário?

Aquele que subverte os conceitos determinados? Aquele que transmite com eco vozes através das ruas esquecidas? Os revolucionários são aqueles que apresentam ou são aqueles que contam?

A verdade é que eu não sei até que ponto Carolina Maria de Jesus é uma revolucionária.

Autora da célebre obra Quarto de despejo, um diário que apresenta a vida de um negro

mulher da periferia do Brasil. O livro trata de temas que fazem parte do espinha dorsal da sociedade brasileira: escravidão, fome, miséria, ancestralidade, presença e ausência.

A mais recente edição brasileira do livro de Fanon Peles Negras, Máscaras brancas tem um prefácio de Grada Kilomba. Nele, o Kilomba se envolve com o princípio de ausência que mencionei anteriormente, como uma das bases fundamentais do racismo.

Quando algo que existe se torna ausente – lá – os espaços brancos são mantidos e a brancura se torna a norma. E com a conclusão do prefácio, Kilomba reafirma o que é trazido pelo trabalho de Maria Carolina de Jesus, “desobedecer à ausência para viver em existência”.

Esta questão e questionamento se expande não apenas para o(s) movimento(s) negro(s) no Brasil, mas todos movimentos originários das margens da colonização em todo o mundo. Carolina Maria de Jesus; o trabalho não é revolucionário em si, no entanto, encontra sua possibilidade revolucionária em sua importância para a costura pós-colonial diante do que ela denomina “a segunda escravidão”.

Em outubro, o Instituto Moreira Salles, localizado em São Paulo, Brasil, inaugurou uma exposição chamada Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros. Ela apresenta mais de 69 artistas que apresentam obras inspiradas ou relacionadas com o trabalho da autora. A exposição também apresenta as pluralidades de Carolina. Suas obras como compositora, escritora de romances, crônicas, curtas histórias e peças de teatro.

O espetáculo também aborda representações da autora na mídia através de imagens contrastantes de sua circulação na mídia: sempre com lenços no cabelo e um rosto triste. Contrastado com essas fotografias pessoais e aquelas tiradas em ambientes íntimos: sempre sorrindo, com seu crespo, cabelos mostrando, usando colares de pérolas… 

As imagens de Carolina Maria de Jesus compartilhadas por a mídia construiu um “discurso visual”; com de Jesus vindo para representar um “escritor negro que vieram das favelas e aprenderam a escrever por algum “milagre”;

Outro elemento de Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros que chamaram a minha atenção foi a decisão curatorial de apresentar a exposição a partir do próprio literário do autor lirismo – tanto figurativa como conceitualmente. Isto me conecta ao pensamento, ao exercício de escrita e literatura apresentada por Roland Barthes, posicionando a escrita não apenas como um forma literária, mas como uma forma de arte também. 

Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os brasileiros apresenta um Brasil exposto do ponto de vista da margem; da periferia; da Afrodescendente; de posicionamento econômico e social específico.

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