Tunga and Afro-Brazilian art at the Museum of Black Art - Bubblegum Club

Tunga e a arte afrobrasileira no Museu de Arte Negra

Do mais tradicional ao mais atual, moderno e complexo, a arte brasileira é composta por vários nomes. Há nomes como os que estão em museus como a Moma e o Tate e há também os que expõem em feiras ou pequenas galerias ao redor do mundo.

A arte é vasta e são necessárias apenas algumas palavras para torná-la reconhecível ou, ao contrário, permanente no anonimato. Afinal, o que faz da arte uma precursora e condutora do discurso, cultura e idéias atuais?

O que faz do artista um orador que dissipa sua estética e sua maneira de ver e de viver? Acima de tudo, o que faz da arte “eterna”?

A partir da história da cultura, de uma sociedade, de um ciclo econômico, de uma idéia dentro de uma nação ou do futuro, entendo que a arte se torna eterna à medida que se distancia ou se afasta de uma história.

Como afirma Pierre Verger, ‘a arte é uma série de fluxos e refluxos’. A arte, ou a persona do próprio artista, é aquela que tem a capacidade de reconhecer e visualizar estes movimentos, sejam eles do passado, do presente ou do futuro – e principalmente uma visualização imagética de eles.

Um de meus primeiros contatos com o artista Tunga foi com suas performances e trabalhos sobre o corpo. O trabalho particular, Xifópagas Capilar, impressiona-me por suas muitas linhas diferentes de compreensão e interpretação.

Em Lezart, a analogia de uma obra invisível dentro do espaço artístico da obra é explorada. Isto engloba a dimensionalidade de um corpo dentro de outro.

São obras que, como disse acima, não exploram uma linha de tempo, mas sim conjunções e tensões entre fluxos. O mundo tunga é incrivelmente atemporal, mas ao mesmo tempo carrega uma brutalidade de temporalidade. Trata-se de um trabalho paradigmático. Seu mundo passa pelo tempo e estagna.

A obra de Tunga é bem conhecida e apresentada em Inhotim, onde ele possui sua própria galeria. Seus trabalhos True Rouge e a Galeria Psicoativa são exemplos de sua participação no maior museu ao ar livre do mundo.

Em 2021, o trabalho de Tunga passou por outro caminho na vida do artista novamente para as galerias – agora como parte do Museu de Arte Negra.

O primeiro ato do Museu é intitulado: “Abdias Nascimento, Tunga e o Museu de Arte Negra”. Este ato emblema a questão da temporalidade de um artista. Tunga era filho do poeta Gerardo Mello Mourão e em 1930, o poeta fazia parte da Santa Hermandad Orquídea, junto com Abdias Nascimento e outros escritores.

A aliança entre Gerardo e Abdias foi gerada pela poesia e pelo desejo de criar algo verdadeiramente americano. Sua amizade se estendeu aos filhos e foi assim, juntamente com uma grande influência de Abdias Nascimento, que a possibilidade artística de Tunga foi construída.

Em 1968, em entrevista ao jornal Correio da Manhã, Tunga, então com apenas 15 anos de idade, declarou que a arte negra teve uma grande influência em sua obra afirmando: “Para mim, a arte negra foi a primeira a quebrar os grilhões das saturadas imagens renascentistas”.

A relação entre as obras de Abdias e Tunga e suas homenagens constituem o primeiro ato do museu. Além disso, eles têm apresentações de simbologias dos dois artistas; “Amigos de longa data, Tunga e Abdias abrem espaço para o Museu de Arte Negra, e para a

próximos atos deste projeto. Cosmogonias, tradição e ancestralidade lideram o caminho neste encontro de mundos”, afirma o curador do Inhotim, Douglas de Freitas.

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