The 34th Bienal de Sao Paulo and its amplitude - Bubblegum Club

O cenário da 34a Bienal de Sao Paulo e sua amplitude

Determinados momentos da arte são encantadores. Um artista reflete e coloca em prática suas habilidades para uma obra por anos, meses. Processa e absorve. Como um meio de comunicação transpassado por sensibilidade, produz. É uma das características da arte de expor. O foco para expor o produzido chega ao mundo próximo às revoluções industriais, mudando completamente a ideia de arte e se aproximando da realidade artística que temos hoje. 

O processo de expor uma obra é belo, mas longe de estar na própria arte, para mim o belo se encaixa no contato do público com o objeto artístico. Na produção encontra-se com o objeto final, disposta para a recepção, para os olhares, para ser observada. A metafísica da arte está aí, em frente aos seus olhos. 

Uma das exposições que mais me surpreenderam, em todo o meu período como artista e como estudante eterna das artes, é sem dúvida a Bienal de São Paulo. As bienais, têm um papel importante para a divulgação do cenário artístico do país, mas além disso de como a arte é exposta, apreciada, dialogada e posicionada como importante vertente cultural. 

É importante pensar que a Bienal não atinge somente os artistas locais, falantes da língua portuguesa ou que conhecem o rio ou São paulo. Vai além das conexões brasileiras. Traz artistas de outros países, que dialogam com a produção brasileira. Assim como traz visibilidade para artistas que são marginalizados no próprio país, como é o caso de artistas indígenas que tem sua arte como um dos grandes destaques da 34a edição da Bienal de São Paulo. 

Com o tema Faz escuro mas eu canto, a bienal que completa 70 anos em 2021 se estende em vinte cinco pontos da cidade de São Paulo, além do seu tradicional pavilhão localizado no Parque do Ibirapuera. As diversas exposições contam com a participação de mais de 90 artistas de várias partes do mundo. Essa edição também marca a volta das atividades presenciais em exposições na maior cidade do Brasil. Tendo sua abertura no dia 4 de setembro de 2021 as atividades continuam até 5 de dezembro de 2021. 

As bienais latinoamericanas contam com especificidades únicas. Também possuem grande destaque outras bienais localizadas no continente, como a Bienal de Havana, Bienal de Artes Visuais do Mercosul e a A Bienal Iberoamericana de Arte. Mas qual seria a importância de falar sobre a Bienal de São Paulo para a África do Sul?

A resposta não está somente no continente latianoamericano, mas também no continente africano. Na 14a edição da Bienal de Curitiba em 2019, a África do Sul teve um enorme destaque, com uma proposta curatorial de Ernestine White-Mulatu, a exposição contou com a presença de artistas como Buhlebezwe Siwani, James Webb e Mary Sibande. Assim como a Bienal de Dakar de 2016 contou com a presença do artista brasileiro Moises Patricio. 

Longe dos muros de bienais, a conexão artística entre a África e o Brasil é intensa. Vemos essas participações em museus, galerias, exposições. É a conhecida conexão sul-sul. O termo vem da economia (cooperação sul-sul). Importante frisar que esses países não devem ser confundidos com o hemisfério sul, mas sim com países que compõem o chamado Sul Global. Mais uma vez, vemos como a arte e as corporações artísticas vão muito além de conceitos estéticos, e se apoiam em conceitos econômicos, políticos e principalmente sócio-culturais. 

De volta a questão, a importância do diálogo entre países em suas práticas artísticas e culturais se baseiam na determinação que hoje vivemos em um mundo completamente globalizado, onde a cultura deve ter seu espaço na globalização. Em aberturas de diálogos, comunicações e em especial para rever o seu passado, incorporar conexões que ao longo do tempo foram apagadas e principalmente, que isso chegue até o público e que ele, assim como artista possa naturalizar e incorporar uma visão global muito distante da pregada por processos de aculturação contemporâneos e antigos. 

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